Em setembro último, a reitoria da USP, a Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Militar assinaram um convênio para intensificar a atuação policial na USP, sob a justificativa da necessidade de maior segurança no campus.
O verdadeiro objetivo da intensificação da presença policial no campus fica claro quando nos lembramos da crescente repressão, por parte da reitoria, à livre organização de estudantes, trabalhadores e professores e quando observamos os acontecimentos posteriores. Antes do convênio USP-PM, diversos processos criminais e administrativos foram abertos contra estudantes e trabalhadores. Depois da assinatura do convênio, a já presente polícia passou a vigiar e revistar estudantes, professores e trabalhadores com maior intensidade. Depois de levar estudantes da Poli para a delegacia há algumas semanas, a polícia, na última quinta-feira (27.11.2011), passou o dia na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) revistando estudantes, professores e trabalhadores, inclusive dentro da biblioteca. Depois de abordar três estudantes, a polícia decidiu levá-los à delegacia por porte de drogas. Os estudantes da FFLCH, espontaneamente, começaram a protestar contra a presença da polícia na Universidade e tentaram evitar que seus colegas fossem presos.
Rapidamente, mais de uma dezena de viaturas policiais, além de diversas motocicletas da ROCAM, chegaram para reprimir a manifestação estudantil e, por meio de bombas de gás lacrimogêneo – atiradas inclusive dentro do prédio da História e Geografia –, balas de borracha e spray de pimenta, atacaram os estudantes que bloqueavam os veículos policiais e levaram os três estudantes para a delegacia.
Em resposta, os estudantes realizaram uma assembléia e decidiram ocupar a Administração da FFLCH – devido à repressão policial e ao apoio da diretora da Faculdade, Sandra Nitrini, à ação policial.
Ocupamos, neste momento, este prédio e o ocuparemos até que nossas reivindicações sejam atendidas. Exigimos a revogação do convênio entre a USP e a PM, a retirada da PM do campus e o fim de todos os processos administrativos e criminais movidos pela reitoria contra estudantes e trabalhadores que lutaram nos últimos anos contra a destruição da Universidade e sua completa submissão aos interesses do mercado.
A Universidade não é compatível com nenhum tipo de restrição às liberdades de produção, de pensamento e de organização. Exige, para sua existência, a mais completa liberdade e autonomia. Diversos professores e intelectuais já manifestaram apoio à nossa ocupação e à nossa luta contra a repressão e em defesa das liberdades democráticas no campus. Como, por exemplo, o jurista Jorge Luiz Souto Maior, que veio à ocupação manifestar seu apoio, e como o Professor Lincoln Secco, que redigiu uma carta pública de repúdio à presença da polícia militar na Universidade.
Pedimos, nesse sentido, apoio para nossa ocupação e em nossa luta, manifestações públicas em repúdio à crescente repressão na Universidade, apoio ativo no ato que será realizado nesta segunda-feira, 31.10.2011, às 18h, no portão principal do campus do Butantã da USP. Enfim, contamos com qualquer manifestação de apoio que for possível para fortalecer a luta contra a repressão na Universidade.
Comissão de Comunicação da Ocupação da USP na Administração da FFLCH
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